Alunos detidos durante desocupação da USP deixam o campus
Foto: Kleber Tomaz/G1
Setenta estudantes foram detidos durante reintegração de posse.
Batalhão de Choque permanecia no campus no início desta manhã.

Pelo menos 70 alunos (24 mulheres e 46 homens) da Universidade de São Paulo (USP) detidos pela Polícia Militar durante a reintegração de posse do prédio da reitoria da instituição na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo, haviam deixado o edifício por volta das 7h30 desta terça-feira (8). Eles foram levados em três ônibus para a central de flagrantes do 91º DP (Ceasa), onde será registrado um termo circunstanciado por danos ao patrimônio público.

Segundo o delegado titular do 91º DP, Luiz Cláudio Ferretti, inicialmente os estudantes vão ser autuados em flagrante por desobediência ao mandado judicial de reintegração de posse da reitoria e serão liberados. Como a ação dos manifestantes foi considerada de menor potencial ofensivo, caso sejam considerados culpados pela Justiça, eles podem ser condenados a prestar serviços ou doar cestas básicas à comunidade.

No entanto, se a universidade registrar um boletim de ocorrência de dano ao patrimônio, o que ela ainda não fez, eles só serão liberados mediante pagamento de fiança. Ferretti informou ainda que, por conta do número de alunos, cinco serão ouvidos de cada vez.

Por volta das 7h30, oficiais de Justiça realizavam a certidão de entrega do imóvel para que o prédio possa ser oficialmente devolvido à USP.

No horário, o Batalhão de Choque continuava posicionado em toda a Cidade Universitária, onde deve permanecer até que a desocupação seja concluída. "A ação do Choque é até desocupar, a perícia chegar, ver quais foram os danos e terminar toda a operação. Aí continua o policiamento diário [no campus]”, informou a coronel Maria Yamamoto, porta-voz da PM. Cerca de 400 homens e 50 carros da corporação estavam no campus pouco antes das 7h. No horário, não havia sido registrado confronto entre estudantes e policiais. Os policiais usaram apenas escudos e cassetetes e não havia enfrentamento.

Questionada sobre o efetivo policial empregado na operação de reintegração, a coronel afirmou que a quantidade se fez necessária "para que a operação acontecesse na maior tranquilidade possível, para que não houvesse nenhum perigo, nenhum dano, nenhum risco". Segundo ela, dois carros da Polícia Militar foi danificada.

As equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, Centro de São Paulo, por volta das 4h30 desta terça e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária, onde iniciaram a reintegração. Eles usaram cassetetes para arrombar as portas do prédio da reitoria.

Um grupo gritava palavras de ordem contra a presença da PM no campus e houve correria de manifestantes com paus e pedras em mãos. A Polícia Militar usou dois helicópteros Águia para a reintegração de posse.

Os universitários decidiram em assembleia realizada na noite desta segunda-feira (7) manter a ocupação do prédio da reitoria. A decisão de cerca de 350 alunos ocorreu por volta das 23h, horário em que expirou o prazo dado pela Justiça para a desocupação do edifício. A assembleia também rejeitou propostas levantadas durante reunião entre reitoria e integrantes do movimento, realizada na tarde desta segunda.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, criticou a ação da PM. “A gente não imaginava que pudessem montar um aparato de guerra como esse. Nem na ditadura vimos isso. Eu acho que eles mexeram em uma casa de marimbondos. Isso aqui vai virar um inferno. É uma coisa absurda, uma força desproporcional para a quantidade de estudantes lá dentro”, disse.

Negociação
Na tarde desta segunda, os estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) ouviram as propostas feitas por dois representantes da reitoria, após reunião de mais de três horas, convocaram uma plenária para deliberar sobre elas.

De acordo com o professor Wanderley Messias da Costa, que representa a direção da universidade, a reivindicação dos alunos de revogar o convênio com a PM para fazer a segurança do campus está “fora de questão”.

Ele disse que a proposta era criar dois grupos de trabalho mistos (composto por alunos, representantes da reitoria e servidores) para “falar em aprimoramento de um policiamento comunitário no campus, com respeito aos direitos humanos” e outro para examinar os processos abertos contra estudantes e funcionários da USP. “Este grupo examinará os processos para avaliar caso a caso como será o procedimento.”
08/11/2011 - Notícias
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