Adesão nesta quinta-feira, segundo o Sinte, foi de 90% dos 29 mil professores
Com a evolução da greve do magistério estadual, começa a preocupação com a reposição das aulas perdidas. Mesmo os professores que não aderiram à paralisação podem precisar repor o conteúdo para cumprir o calendário letivo, que determina 200 dias e 800 horas de aula. A reposição só não precisa ser feita se houver 50% + 1 de alunos presentes em sala de aula, o que se torna difícil em dias de greve.
Na escola Presidente Roosevelt, no Bairro Coqueiros, na região continental de Florianópolis, apenas três de 29 alunos de uma das turmas de 5º ano do ensino fundamental foram assistir às aulas. Em outra classe, de 30 foram cinco. Com a sala vazia, a recomendação é oferecer reforço pedagógico.
Uma professora que não aderiu à greve, e preferiu não se identificar, explicou que muitos alunos ouvem que na turma do colega não terá aula, e acreditam que também não terão. Ou ainda, alguns ficam sem ter como ir ao colégio, porque eram levados à escola pelos irmãos mais velhos, cujos professores pararam.
Ela ainda ressaltou que a tendência é o número de estudantes aumentar nos próximos dias, porque os colegas costumam avisar que as aulas continuam. A chuva de ontem também ajudou para que o número de alunos fosse pequeno.
A diretora da escola, Rosangela Medeiros, informou que todos os professores estão cientes da necessidade de reposição. O calendário é que ainda será discutido.
Alunos protestam em Palhoça
A reposição do conteúdo também é motivo de preocupação para os alunos da Escola Básica Ivo Silveira, em Palhoça, que não querem ter aulas aos sábados e nas férias. Ontem, nesta quinta-feira, eles protestaram no Centro da cidade. A estudante Mariléia Borba, 15 anos, explicou que eles não são contra a causa dos professores.
— Na verdade, queremos que isso seja resolvido logo e que o governo pague um salário mais justo — ressaltou.
Nesta quinta-feira, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) a adesão foi de 90% dos 29 mil professores. A Secretaria de Estado da Educação (SED) ainda não divulgou a sua apuração do número de professores que estão parados, nesta quinta-feira.
Na quarta-feira, primeiro dia de greve, o Sinte informou que 90% dos professores aderiram à paralisação. Já a SED rebateu, e afirmou que 31,8% dos docentes pararam.
Julia Antunes Lorenço
DIÁRIO CATARINENSE